quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Só ano que vem.

Há mais ou menos um ano atrás, escrevi aqui por causa do ano novo que
estava chegando...
E hoje, dia 31 dedezembro,às 21h22, estou aqui sentadinha, de pijama, escrevendo,
já que não estou muito a fim de falar.

Diferente de quando eu era menor, não tenho mais aquela
empolgação peculiar da viradado ano..
Não tenho vontade de comprar roupinha nova por causa desse dia,
muito menos de sair distribuindo abraços e "feliz ano novo's" pra qualquer
um que encontro na rua.

Na verdade, minha vontade é de ficar aqui..e ir dormir logo mais
como um dia qualquer.

Acho que o último dia do ano me trás uma mistura intensa dos melhores sentimentos
e dos não tão bons.

No momento, sinto uma leve tristeza pelas coisas que não fiz, das que não disse,
das que não realizei...aquele velho peso na consciência...

Não que o dia 31 seja o fim da linha ou algo do tipo: não fiz, pronto! Fudeu!
Não..é o recomeço também.
Por isso a alegria e tristeza juntas.
A preguiça e o ânimo juntos.

"Vou ser mais organizada, mais paciente, mais isso..menos aquilo.."
Todo ano a mesma coisa..então passam os dias, meses, jajá chega carnaval,
páscoa, São João..final de ano..e aí?
Ótimo quando percebemos que conseguimos vencer alguns obstáculos.

Eu me estranho, porque estou aqui em casa
pela falta de vontade de ver pessoas, mas ao mesmo tempo
triste por não poder estar com alguns...
E feliz porque amanhã estou viajando.

Quantas frases sem ligação e coesão, né?

Pois é..
Pra alguns isso aí é coisa de gente azeda e cabulosa..nostálgica e melancólica.
Mas quem não tem seus dias assim?

Graças a Jah que tenho alguns dias pra me permitir ser assim, ao invés de
viver desse jeito.

Aos anseios para 2009: espero fazer as pazes com uma pessoa, ser mais paciente,
ser mais aplicada na faculdade, conseguir um estágio melhor...e pagar minhas dívidas.
Ser mais estabilizada no quesito emocional, que meus amigos se preocupem mais com seus fígados, que nenhum deles se afaste por qualquer motivo que seja, que os que estão distantes, por algum milagre, se cheguem de novo! E que todos tenham a paciência que Fred tem para com minhas ignorâncias.

Falar o que você espera sempre alivia..
Ou angustia, quando pensamos que um ano é
pouco tempo pra tanta mudança.


Sem mais chatices, desejo de coração um 2009 melhor pro mundo todo..
literalmente.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Grande descoberta

Tinha que escrever isso ainda hoje e urgente
pra não esquecer.
Creio ter achado o X da minha dificuldade em achar o que
quero pro meu futuro!!!
Gosto de fotografia, cinema, moda, ter brechó, marketing, entre outras coisas que
não serviriam como profissão.
Ah, dona de blog famoso e cheio de anúncios me bancando também é
uma possibilidade, por isso leiam, comentem com amigos.

Daí, enquanto eu estava lendo o site (é, site. Outro patamar: manualdocafajeste.com)
vejo como ele escreve bem, como ele tem empresas patrocinando os besteiróis (que adoro)
que ele escreve e penso como queria ser bem sucedida nisso.
Até aí tudo dentro da normalidade.

Mas sempre que vejo alguém fazendo algo legal
e ainda se dando bem com isso, me imagino fazendo também.
Não tem a ver com inveja, e sim com falta de MUITA identificação com
uma coisa só.

Inclusive já escrevi sobre isso aqui, mas dessa vez, disse no msn pra Sarah
( a que vou na casa dela hoje bater um papo) que isso
podia ser falta de personalidade.
Ora, se quero uma coisa a cada dia, se me empolgo com tudo que me
parece legal, tem algo errado.

Resumo da ópera (ou obra?): não sei do que (mais) gosto, nem o que farei
para sustentar minha linda família no futuro (se tiver uma e ainda por cima, linda).
kkkkkkkkkkkkkk


É isso.
Vou trabalhar que é o melhor que eu faço (já é um começo).

Nada a ver com coisa nenhuma.

Agorinha estava com espírito da espera pelo fim de semana.
Sair, ver gente, rir muito, e todo o resto.

Mas estou aqui no estágio, desde as 11h da manhã sem sair pro almoço
(por opção) e nem por isso vou sair mais cedo...
O que não vem ao caso e espero que meus chefes não leiam isso.

O fato é que bateu uma extrema morgação em mim..
algo que só me pega a cada 6 meses, no máximo
e que vai embora em no máximo um dia, ainda bem.

Mas agora foi imensamente repentino, pois já estou
pensando em enterrar minha pessoa em casa durante
todo o fim de semana, não ir pra caleleireira, não pegar meus
vestidinhos novos pra sair com eles fds, não atender celular...

(pausa)

Acabo de desligar o celular e rodar pelo escritório,
até que já estou mais animada!
Será que não sou normal, meu Deus?
kkkkkkkkkkkkkk

Esse post não tem mais sentido porque já não estou
mais no mesmo clima melancólico,
eu poderia ou deveria cancelar e começar
outro.
Mas não farei isso.

Vou deixar aí meu momento estranho
porque ele aconteceu.

Vou ler o jornal sobre o novo presidente dos EUA
e logo mais postarei algo com mais sentido.

"Hoje eu quero saiiiiiiiiiir sóóó".
Veio essa música na cabeça..e nem gosto de Lenine.
Se tivesse um carro sairia por aí
rodando sozinha.

Como não tenho, pegarei meu bus na hora que largar
e pararei na casa de Sarah para prozear.


Apreciem este texto psicodélico ¬¬

Até mais!

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Um motivo

Quero ter um motivo pra escrever...
Daqueles que você tem no meio da rua,
como se fosse um estalo e que você (no caso, eu)
já pensa: essa vai pro blog (pra quem tem blog, claro!)
kkkkkkkkkkkkkkk

Enfim, mas não tenho um motivo legal, engraçado..
como vejo em alguns blogs por aí (mundoestranho.blogspot.com! leiam!)
que pessoas apenas contam seu cotidiano estressante
de uma maneira muito hilária, com direito a palavrões,
xingamentos, e tudo isso com muita classe!

Essa menina desse blog diz que é desbocada aqui
porque no dia a dia (ou dia-a-dia?) é muito educada
e simpática.
Acho que sou o contrário, já que durante meu
lindo dia acabo soltando algumas ferpinhas,
principalmente de manhã.

Falar em manhã...
já são 23h23(tem alguem pensando em mim..alguns vão dizer: não, é só quando
as horas e minutos estão iguais, mas eu acredito nesse meu modelo também)
e estou aqui, escrevendo em blog e atualizando conversa com amigos..
coisas legais, mas não muito produtivas diante da quantidade
de coisa que tenho pra fazer amanhã, como acordar às 5h30 (eu disse: CINCO E MEIA
DA MANHÃ! E daí? Muita gente acorda mais cedo, ne?) e ir pra
minha querida aula, adorável faculdade e precioso estágio.


Por isso, findo este post, sem motivo...sem lógica e portanto,
um tanto quanto desinteressante!
Mas como li naquele blog que citei, "este espaço é meu e faço
o que quiser".

Espero ter um motivo muito bom amanhã!

bjosmeliga! (tô tão fútil hoje).


Ah,lembrei um motivo..
mas escrevo amanhã!
kkkkkkkkkkkkkkk

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Espontâneo..

Bem, estou escrevendo sem saber ao certo de que vai se tratar esse post.
Na verdade, vivia fazendo isso nas últimas folhas do meu caderno,
deixando as letras saírem sem uma lógica, sem um porquê(esqueci as regras dos acentos dos porques).
Isso pdode dar um texto interessantíssimo, ou não.
Comecei a digitar desenfreaamente aqui sem reler o texto, primeiro
porque vi o blog de Sarah (Dançando em campo minado) e porque
a mesma disse pra eu atualizar.
Aí me deu vontade e preguiça, até porque estava fazendo um "trabalho" da faculdade
pra entregar amanhã de madrugada em sala de aula ¬¬.

Sinto que está tudo muito sem graça, que ninguém vai ter vontade
de ler até o fim, a não ser Sarah, que pediu que eu escrevesse..
Mas o que importa, não é verdade?
Esse espaço é basicamente meu, não dependo dele pra viver,
ninguém paga pra ler o que tem aqui..
Então me dou ao direito de fazer dele uma "descarga" quando não
tiver nada pra fazer.

Aliás, se eu recebesse alguma grana pra falar algo em blog, talvez
não rolasse essa espontaneidade nas palavras.
E pensando nisso, se muitas(algumas, pelo menos) coisas não fossem remuneradas,
talvez funcionassem melhor.

Exemplo? Então, a política.
Se ela não fosse uma profissão em que os homens investem hoje em dia,
seria muito mais limpa.
Somente àqueles que tivessem vontade de representar o povo (papo PT e esquerdista)
estariam lá, suando a camisa debaixo do braço(as chamadas pizzas), pra cima e pra baixo lutando
pelos direitos e coisa e tal.

Mas não, o que se faz é pro povo ver e votar de novo, quase nada é feito
com boa intenção e no final do mês, o salário ó (inversamente proporcional
ao salário mínimo e aos benefícios pra sociedade).

Não tenho a menor guariba pra falar de política, meu papo
é mesmo aquele de quem está num elevador, fila de banco e outros
lugares ociosos em que todos falam as mesmas frases.

Porém, minha indignação pelos colarinhos brancos não é menor.

Olha aí, já achei um assunto (nada interessante, por sinal) no meio
do caminho.
Já posso dormir de consciência tranquila(sem o trema, porque faz parte das
novas regras da gramática da língua portuguesa).

Gosto de escrever, quem me dera ganhar dinheiro por isso! (kkkkkkkkkkkkkk)

Sem mais.
Passem imensuravelmente bem!

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Responsabilidade na cabeça infantil

  1. Tava pensando nisso antes de ontem e falando hoje
na faculdade com amigas sobre o seguinte:

Quando eu era pequena, todos os "grandes" me diziam que
gostariam de voltar a ser da minha idade pra não terem responsabilidade.
Daí eu pensava que ser responsável era muito fácil.
Ora, era só estudar todos os assuntos, fazer todas as tarefas de casa,
ler todos os livros que os profs mandassem na faculdade (já pensava nisso
porque minha tia contava dos tempos de universidade dela,
que também era na Católica, e que ela tinha que ler
inúmeros livros em pouquíssimo tempo), trabalhar certinho,
não chegar atrasada pra não ser demitida, fazer o que se gosta
pra fazer com prazer...

Enfim, tinha toda uma listinha de coisas simples de serem cumpridas
pra que meu futuro estivesse garantido.

Ledo engano.
Não contava com as dúvidas sobre que carreira seguir,
também não passava pela minha cabeça a preguiça (pra quem
brincava o dia todo, estudava, saía, e mal dormia...).

Seria ótimo se as coisas fossem assim, ou talvez não, pois assim
seria tudo muito previsível, certinho.

Também estava falando (nem sei mais pra quem), de um aspecto da minha personalidade
que já me fez perder algumas (muitas) noites de sono,
mas que hoje convivo numa boa com isso.
Eu não tenho uma grande paixão por nada específico por muito tempo.
Ou seja, eu AMO alguma coisa durante uma semana, um mês.
Como se fosse a rzão da minha vida (não estou exagerando).

Enfim, o fato é que hoje estou tranquila (pelo menos, nesse aspecto) e acho
isso normal.
A gente tem mania de "correr" atrás do futuro, de tentar ser feliz
daqui "a 10 anos" e por aí vai.
Vivemos de planos e idealizações.
Não que seja ruim fazer planos, eles que fazem a gente ir em frente.
But, não podemos viver na ânsia do futuro se estamos vivendo agora,
se já podemos ser felizes agora.

Capiche?

É isso.

Até mais!

terça-feira, 14 de outubro de 2008

"Ode ao gato".

Esse título foi roubado de um livro de Artur da Távola (recomento de mais).
O livro é ...esqueci..ou "Amor Assim Mesmo" ou..puts, realmente não lembro e também
não vem ao caso.

Vamos ao que escrevi hoje.

Me acho parecida com os gatos.
Já reparou como eles dormem?
Se espreguiçam? Fecham os olhinhos quando tomam
uma brisinha de vento no rosto?
E podem falar que são interesseiros, mas não são.
São independentes, não se vendem por um pedaço de carne
(não deitam, rolam, nem se fingem de mortos por um afago).

O gato vai atrás do que quer, tenta pegar, é astuto, esperto.
Se afeiçoa à poucas pessoas (ele não atende à qualquer "xiuííí...xiuííí,
como o cachorro que atende inoscentemente à um "tsc,tsc,tsc" junto
com estalos de dedos..não estou criticando os dogs, apenas comparando) e
acima de tudo, é livre.

(Pausa na escrita)
Estava olhando pra um gatinho deitado no chão da UFRPE:
olhinhos fechados (e não dormindo), patinhas encolhidas e tomando
aquela brisa maneira...
Até que um ser humano (ele deve se achar um) joga uma borracha nele. ¬¬
Esse deve ser um daqueles que dizem que gatos não prestam, que são
bichos frios e interesseiros. Mas que ironia, colega.
Se eu fosse o gatinho partia pra cima dele por atrapalhar meu
cochilo e pela falta de respeito!
Mas o gato não é humano, foi superior e depois de olhar para o "MENINO",
apenas saiu (caladinho) de onde estava.

Eu ía escrever somente sobre os bichanos e suas qualidades...
Mas já que aconteceu isso..fica como lição a superioridade
do felino.


Ps.: Parabéns aos teachers, que não darão aula amanhã (que pena) e que
passam pra nós aquilo que estudaram durante a vida toda, mesmo
quando somos alunos desinteressados e desrespeitadores.

Ps.2:Tô chatinha hoje, hein?
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

Hasta luego.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Rotina ¬¬

Quem inventou a rotina?
Acho que foi a televisão.
Porque veja bem, não existe nada tão
repetido como a programação televisiva..
Todas as noites ouvimos Bonner e Fátima Bernardes
nos dar boa noite.
Toda noite ouvimos musiquinha da novela que gruda na mente
..entre outras programações em horinhas certas.

Eu odeio rotina, enjoo fácil das coisas e pessoas
muito iguais.
Hoje tô nessa revolta toda, fazendo desse blog quase um fotolog,
falando dos draminhas de quem teve um dia péssimo e
querendo que todo mundo fique sabendo.
Pois que seja, talvez não seja pra todo mundo saber.
Diria que é algo mais direcionado, sabe como é?

Escreveria com muito mais abuso se não tivesse
desabafando nesse exato momento no msn
com minha amiguinha naza e por isso,
esse post vai ser assim, meio sem pé
nem cabeça.

Passem bem.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Repaginada

Então, estou eu aqui novamente, de cara e alma nova!
heheheheh

Quando comecei com isso, tinha o intuito de escrever
apenas quando estivesse triste, seria como um desabafo.
Mããs, as coisas mudam, as fases passam (graças à Jah)
e estou cá para falar de qualquer coisa.
Será como uma extensão das minhas falas cotidianas.
Como assim?
Eu falo demasiadamente, mas penso à uma velocidade muito maior.
O que não conseguir (e o que conseguir) falar ou expressar durante o dia, cabe aqui.

É pra falar de amizade, pra contar histórias (que por sinal, ouço várias nos 5
ônibus que pego diáriamente) pra comentar de blogs alheios e, por que não,
de vidas alheias?

Pois bem, hoje é só uma introdução, causa de que estou com sono
e todo as noites prometo dormir cedo, pra não acordar com vontade
de chorar, por estar acordando tão cedo.

Entenderam, né?

Até mais e passem muito bem.

domingo, 2 de março de 2008

Diário de um jovem silencioso e fraco

Do livro (um dos melhores que já li) de Artur da Távola:
Leilão do Mim.


Sou apenas um jovem fraco, medroso e sensível.
Caminho pela cidade com a cabeça cheia de loucura,
sofrendo a dor de viver num mundo assim. Amo
meu pobre pai, cuja vida é uma entrega doida e
doída ao sucesso que obteve. Ele fala grego e eu
sânscrito. Nem na marca da pasta de dentes nos
encontramos. Amo minha pobre mãe, macerada pela
vida vazia dos valores sólidos que a cercam: segurança.
Vai ver até que ela tem razão. Mas ter razão no meio
da gente doente com quem convive é renunciar à vida.
Será que minha mãe nunca desejou outro homem?
Será que meu pai nunca desejou outra mulher?
E ficam ali os dois, carregados de frustração e mágoa,
chamando de amor e fidelidade o preço que paga para viver.
Sou apenas um jovem frágil e silencioso. Gosto de poesia,
música, gente que fala baixo, pele encontrando pele e flores.
Outro dia li sobre um tipo de impregnação musical praticada
pelos esotéricos e achei que já faço isso há muito tempo. Repito,
sou frágil, silencioso e sensível; talvez por isso as pessoas tenham
medo de mim.
Muito medo de mim. Ou do que represento. Os amigos do meu pai
dizem aos filhos para não saírem comigo. Já namorei duas filhas de
amigos dele. Numa fiz um filho e ninguém sabe. Só ela, que odeia os
pais e, de vingança, não conta. Um dia, fui ver o garoto e senti amor por ele.
A mãe já namorava outro sujeito, um baterista machão que teve raiva
de mim e quis me dar porrada. Talvez eu seja mesmo meio louco, sem
condições de ser pai.
Um amigo meu, homossexual, foi preso. Uma violência. Vínhamos os
dois pela praia, felizes por poder sentir a brisa cheia de vida no calçadão
noturno de Copacabana, sem quase ninguém, pois todo mundo anda com
medo de assalto. Vínhamos, numa boa, dizendo alto um poema de Afonso
Henriques Neto, assim:

"Vomitaram trinta estrelas nesse charco
de líquidos corpos empoçados.
Nas tocas iluminadas os que se iniciam
na more fantasmas de si mesmos
fecundam rítmos e bússolas e fracassos.
Há desgosto e música na atmosfera branca
negra.
Vomitaram trinta estrelas talvez mais
mas o buraco se fecha.
Em silêncio algumas flores resistem
nas verdes gramas do sol."

Pois só porque meu amigo fazia o corpo ondulado no ritmo
dos versos, foi logo preso e quando viram que ele era homossexual
aí nem quiseram saber, encanaram o rapaz aos pescoços dentro
do camburão, e eu fui junto, desacatei o guarda, mandei que
prendesse as pessoas que estavam dentro dos apartamentos
fazendo planos pra enriquecer à custa dos outros no dia seguinte,
e entrei também no cacete e fui para a delegacia onde nos
colocaram numa cela imunda cjeia de marginais.
Aí eu pensei que os marginais iam entender a gente que
é marginal por opção, só que não entenderam e começaram a
humilhar meu amigo homossexual. Também pensei que ele ía se
sentir machucado com as humilhações, mas gostou e fez charme
para os marginais, pegou no pau de dois deles, fez os caras recuarem
encabulados, baixou a calça, tinha uma bunda feia e magra, mas se
requebrou todo e fiquei com raiva dele porque ele preferiu pessoas
que o humilhavam, mas que talvez o comessem, a mim que estimo
e prezo ele mas nunca o comeria, não por preconceito, é porque só
curto sexo cum mulher. Sim, fiquei triste, mas admiriei a coragem
dele, tentanto os caras, se roçando neses que começaram como
machões mas foram se encabulando feito crianças, principalmente
quando ele se roçava no pau deles e depois dizia:
- Tá vendo, tá vendo, aqui não tem homem pra mim. Ninguém
fica de pau duro. É tudo brocha. Tá tudo com medo de mim.
E depois que os caras ficaram na defensiva por causa disso, aí
foi dando uma raiva neles, aquele ódio da impotência por terem
sido sacaneados pela bicha, e deram muita porrada no meu amigo.
E sobrou pra mim que estava calado e com medo e comecei a gritar
por socorro, sou mais fraco e covarde que o meu amigo homossexual.
Aí veio o delegado, ou sei quem lá, e nos tirou dali e assim como entramos
fomos mandados embora, acho que ele viu que a gente não era bandido
e ficar ali só porque o cara da ronda tinha cisma com viado, ia acabar
sendo pior, podia dar em crime. Ah, se ele soubesse de quem o meu amigo
homossexual é filho, tremeria de medo.
Mas é tudo sempre assim. Sou apenas um jovem fraco, medroso e sensível
que não quer transar com esse mundo doente, cheio de maldade e ambição.
Fico quieto, na minha, observando. Não digo nada, não faço discurso, não
entro numa de protesto político. Achei graça daquele meu vizinho que veio
me cantar pra eu entrar no partido dele.
Ele agora fala mal de mim.
Como pouco. Quase não peço nada a meus pais, fiz até a conta, vivo com
menos de um salário mínimo (meu pai disse que é porque não pago casa e
comida, e nisso ele tem razão) e exatamente por não fazer nada, observo
o quanto incomodo, irrito as pessoas, parece que torno clara a loucura delas.
Elas gostam de pessoas que falam, que contestam verbalmente, que explicam,
que discutem com elas. Essa burguesia é gozada: só quer discutir. Até a parte
intelectual da burguesia que está numa posição de esquerda, mais generosa,
mesmo esse pessoal gosta mesmo é de discutir. Eu não gosto. Sou sensorial.
Gosto de ler, gosto de ver, gosto de ouvir. Se as pessoas interferissem menos
no mundo, ele seria melhor, daria para todos, haveria menos doenças, menos
violência, menos fedor humano. As pessoas fedem. Os ternos e gravatas fedem,
são uma espécie de uniforme da morte em vida.
Não sou bonito, não sou inteligente, não vou vencer na vida, não agrido as pessoas
com quem não concordo, não tenho iniciativa, não sou decidido, nada lidero, não
crio idéias originais, não sou de vanguarda, a ninguém ameaço, mas todos fogem
de mim. Estão com medo de mim! Quanto menos falo, mais ameaço. Nem para
amar faço força. Ouço falar em conquistar, cantar, paquerar, descolar. Nunca
fiz isso. Se sinto amor e tesão, olho para a mulher e ela já sabe. Se ela é limpa
de alma e clara de coração, vem comigo, naturalmente. Não lhe pergunto o nome,
a profissão, idade ou estado civil. Apenas sou muito terno, meigo quase como
uma menina, e gozo muito, sempre interessado no prazer dela também.
Sexo pra mim não é só gozar, é prazer da pele, da saliva, do calor do meu
e do outro corpo. Gosto do prazer prolongado, curtido lentamente. Não entendo
gente como os amigos do meu pai, que trepam sem amor; tenho a impressão de
que, na verdade, pessoas assim nunca saíram da fase de masturbação.
Comigo é diferente: amar é o mesmo que explorar um mapa desconhecido.
É preciso 'ciência' e calma.
As mulheres gostam muito. Sempre ficam minhas amigas e voltam
naturalmente. Aí, se estou a fim, a gente se ama de novo; se não estou,
digo com doçura e elas não se zangam.
Ouço falar que macho bom é o que só pensa em trepar, o que dá porrada,
e manda as mulheres abrirem as pernas e as trata como putas. Sou diferente:
faço muito carinho, me esfrego muito como um filho pequeno, sinto o cheiro
delas e elas sabem que eu saboreio, beijo muito, pareço um cachorrinho,
penetro com calma, vou sentido o que sinto e o que ela sente, a gente vai junto,
vai se adivinhando no ritmo, na dança, a gente vai sendo mesmo um do outro,
com muita doçura, nada de desempenho atlético, nada de cansaço, nada de
desespero, de coito angustiado. A gente goza muito, e depois fica amigo,
sem cobrança, sem pergunta, sem título de propriedade, sem ciúme,
sem pensar no antes e no depois.
Sou apenas um jovem silencioso e frágil. Pouco faço, nada peço, apenas tento
viver sem cansar nem machucar ninguém, e todos têm medo de mim.
No meu edifício, as senhoras me olham torto, os jovens executivos me
consideram um verme sem saber que tenho muita pena deles. O senhor do quarto
andar já deu indiretas, me chamando de sujo. Ele não sabe que salvei a filha dele,
casada com um sujeito que trabalhava em investimentos numa firma igual à do
meu pai e ganha muito dinheiro, o coroa não sabe que salvei a filha dele do
suicídio. Uma tarde, nos encontramos. Todos estavam fora, coisa considerada
normal em nosso mundo: os chefes de família saem para o trabalho; só os velhos,
as crianças, as donas-de-casa, os marginais sabem o que ocorre no interior dos
apartamentos e das casas, durante o dia. Como são tristes as mulheres dos
homens que só fazem trabalhar!
Ela subia no elevador comigo, a cabeça baixa. Só ela e eu ali dentro.
Nunca me cumprimentou, indiferente a mim. Mas não pude deixar
de olhar bem no rosto dela e dizer:
- A senhora pode não gostar de mim, mas sou obrigado a lhe dizer
que está desesperada e vou ficar do seu lado para impedi-la de cometer
uma loucura. Está louca e não sabe que pode ficar boa.
Ela nada disse, parecia o fim de uma longa conversa. Chorou e pedi
que viesse comigo. Concordou. Não pensou no que poderiam comentar
se a vissem assim, na minha companhia, entrando no meu apartamento.
Não demonstrou medo. Nunca traíra o marido, e eu a via sempre sozinha.
E agora, ali, comigo, que parecia uma antípoda para ela (que engano!), eu,
queo pai dela considerava um vagabundo a mais, apesar de 'filho de boa
família'.
Eu nada perguntei. Nem por que chorava. Tenho tempo. Sou dono do
meu tempo. Esperei, portanto, que ela parasse de chorar. Então, disse:
- Agora não é preciso falar mais nada. Você já viu tudo sozinha. Sem
palavras ou idéias. Apenas sendo você própria e ganhando a minha
compreensão. Você acaba de descobrir a vida; você vai ser outra pessoa.
Ela recostou a cabeça no meu ombro. E nos fizemos muito carinho.
Carinho de pessoas que se revelam inteiras, sem medo de suas carências.
Nos beijamos, nos abraçamos, nos entregamos ao amor, ela saindo da
morte para a vida, e eu me sentindo, de fato, como se a estivesse salvando -
eu, jovem, frágil e sensível, silencioso, que não gosta de fazer o que a maioria
faz. Não contesto, não protesto, não ameaço, não cobro nada a ninguém.
Por que todos têm medo de mim? Será porque constatam que faço
e sou tudo que falta a eles?
Há seis meses, meu avô, pai de meu pobre pai tão rico, pouco antes de
morrer, chamou um a um dos filhos e netos. Me disse que morria preocupado,
pois não sabia o que seria de mim, o que seria de meu futuro. Docemente,
respondi: "Quem precisa de futuro é você, vovô, que está partindo pro
desconhecido. Só precisa de futuro quem não tem o presente. Eu só tenho
o presente". Minha mãe se horrorizou com minha indiferença diante da
morte do velho sogro, homem tão bom. Não era indiferença. Ela é que
estava fazendo a morte dele ficar horrível. Eu simplesmente encarava
a morte: um estado talvez melhor do que este no qual gente como minha
mãe e meu pai vive morrendo, sempre preocupados com o que deixaram
ou deixarão de ter, enquanto eu, silencioso e frágil, terei os filhos que quiser,
levarei muita porrada das polícias da Vida por ser amigo de um homossexual
e amarei as mulheres que chegarem perto de mim ganindo sua solidão.
Eu, que não possuo nada, sem nenhuma ambição, que vivo apenas para
viver...